
Sandra Carvalho
Brasil destrói uma Espanha inteira de vegetação nativa em 18 anos
O IBGE estima em 500 mil km2 a perda de cobertura natural no país de 2000 a 2018.

A vegetação nativa brasileira já viveu dias melhores - encolheu de 5,9 milhões de km2 para 5,4 milhões, depois de perder 500 mil km2 de 2000 a 2018. Derrubamos, incendiamos e devastamos uma área do tamanho da Espanha em 18 anos.
As estimativas são de um novo levantamento do IBGE sobre o uso da terra nos biomas brasileiros de 2000 até 2018. O estudo combina dados de satélites e pesquisas de campo.
O grande baque foi da Amazônia, que perdeu 270 mil km2 de florestas nesse período. Sua cobertura florestal baixou de 82% para 76%.
A mata cedeu lugar principalmente a pastos para gado que os especialistas caracterizam como de baixa produtividade. Essas pastagens dispararam de 249 mil km2 para 426 mil, conforme o IBGE.

A vegetação nativa do Cerrado também sofreu uma pancada nesses 18 anos - perdeu 153 mil km2. Empresários do agronegócio e agricultores mais modestos ganharam 103 mil km2, expulsando a vegetação campestre e de floresta.
Hoje, segundo o IBGE, o Cerrado concentra 45% das áreas agrícolas e 43% das áreas de silvicultura do país. Carrega nas costas boa parte das exportações do país.
De acordo com o IBGE, a Mata Atlântica não registrou grandes alterações nesse período. Também, pudera - já tem pouco a perder. A vegetação nativa estava restrita a 12,6% de seu território em 2018.
As perdas no Pantanal entre 2000 e 20018 foram relativamente modestas - ficaram em 2,1 mil km2, conforme o IBGE. Saiu vegetação nativa e entraram sobretudo pastos para o gado.
Na caatinga, as coberturas naturais também estão encolhendo, por pressão de cultivos de subsistência, pequenas criações de animais e sistemas agroflorestais, de acordo com o estudo.
O Pampa foi o bioma que proporcionalmente mais perdeu área de vegetação nativa de 2000 a 2018. Foram 16 mil km2 em 18 anos, cedidos pra plantações de soja e outros grãos.

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