
Sandra Carvalho
Carauari: a economia circular na Amazônia
A cidadezinha se baseia na pesca do pirarucu, extração do látex e coleta do açaí.

Carauari, uma pequena cidade do estado do Amazonas, está dando um exemplo de economia circular, melhorando a vida das pessoas e conservando a floresta e os animais.
A cidadezinha virou case num estudo de pesquisadores da #FGV publicado no periódio Urban Sustainability.
Carauari fica a duas horas de avião ou cinco horas de barco de Manaus, na bacia do rio Juruá, na parte oeste da Amazônia. Sua população vive muito modestamente: o salário médio dos trabalhadores formais ali é de 1,8 salários mínimos, segundo o IBGE.

Muitas comunidades de Carauari exploram de forma sustentável a pesca do pirarucu (Arapaima gigas), a produção de óleos vegetais, a extração do látex e a coleta do açaí (Euterpe oleracea).
Como? As pessoas estão organizadas em associações em torno de suas atividades econômicas e contam com a ajuda de ONGs, universidades e empresas privadas para respeitar a biodiversidade local.
Assim, o pirarucu, um dos maiores peixes fluviais do Brasil, e as tartarugas, que estavam ameaçados de extinção local, hoje já saíram da zona de perigo.
"A superexploração de produtos da biodiversidade pode ser evitada por meio de princípios ecológicos muito simples, como o estabelecimento de cotas de colheita ou pesca e de locais e períodos proibidos”, observou Michel Xocaira Paes, da FGV, um dos autores do estudo, à Agência Fapesp.
Com a economia circular, os resíduos de uma atividade econômica de Carauari viram recursos para alimentar outra.
Um exemplo: cascas de sementes da produção de óleo vegetal são recicladas para se tornarem adubo natural para plantações. Vísceras do piracuru se transformam em ração de tartarugas.

"O que essa população está fazendo, ao converter resíduos em insumos, é transitar, com muito sucesso, de uma economia linear e degradativa para uma economia circular e regenerativa”, notou Paes.
O pesquisador advoga o uso dos recursos hídricos e florestais da Amazônia, e também de sua flora e fauna, de uma maneira parcimoniosa e inteligente. Veja o que ele diz:
"Transformar esse patrimônio em terra arrasada por meio da extração madeireira e mineral predatória e da conversão de florestas em pastagens é uma total falta de visão de presente e de futuro." ✔︎
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