
Sandra Carvalho
Desigualdade no crédito no Brasil é esmagadora
Os 10% mais ricos levam cerca de R$ 1 trilhão; 50% mais pobres, só R$ 258 bilhões.

Ter acesso a crédito faz parte da cesta básica da cidadania no século 21 - mas no Brasil isso ainda é uma miragem para mais de metade da população.
Os brasileiros adultos com acesso a crédito não passam de 49%, segundo o Relatório de Cidadania Financeira de 2021 do Banco Central. E isso ainda é um progresso, porque em 2017 eles eram somente 44%.
O dinheiro disponível é distribuído de forma brutalmente desigual. Aproximadamente 1 trilhão de reais de crédito vai para os 10% dos brasileiros de renda alta. Sobram 258 bilhões de reais para os 50% de renda baixa. Os 40% de renda média levam 914 bilhões.
Esses números são o saldo oficial de crédito do final de 2020.
Como o #BC trabalha com essas faixas de renda? Segundo seu Sistema de Informações de Crédito (SCR), os 50% com renda mais baixa são os 53,7 milhões de pessoas que ganham até 1,5 mil reais.
O 40% com renda média são os 43 milhões de pessoas que ganham mais de 1,5 mil reais até 5,2 mil.
Os 10% com renda mais alta são os 10,8 milhões de pessoas que ganham mais de 5,2 mil reais. Nesse grupo, 1%, ou 1,1 milhão de pessoas, tem renda acima de 21 mil. Confira no gráfico do BC.

Essa desigualdade de renda repica no crédito, com as mesmas distorções. Veja como o dinheiro se distribui em outro gráfico do BC.

Para a faixa de baixa renda, o crédito é mais comum na forma de cartão de crédito e consignação em folha, segundo o relatório.
Para a faixa de renda mais alta, o crédito toma a forma de financiamento de casas, carros e empréstimos rurais e agroindustriais.
Veja mais: Favelas dominam as maiores cidades do Norte