
Sandra Carvalho
Flagrantes de Inhotim, um paraíso ameaçado
O museu corre o risco de fechar por falta de fundos, segundo a consultoria Ernest & Young.

Inhotim, que se esconde em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte, pode entrar em qualquer lista dos melhores museus do mundo e se sair bem.
Seu acervo de arte contemporânea é espetacularmente exposto ao ar livre em obras de escala monumental e em edifícios com design único, perfeitamente casados com um paisagismo exuberante e original.
A coleção de arte impressiona, com artistas brasileiros e internacionais, mas não é só ela que atrai.
Inhotim é também um jardim botânico, com um acervo de aproximadamente 5000 espécies de plantas. Fica na área da Mata Atlântica, e mostra fragmentos da mata aqui e ali.
O conjunto é imperdível. Confira:
Fotos: cc0 Sandra Carvalho
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A manutenção dos dois acervos, que se espalham por 140 hectares, é impecável. Cerca de 600 funcionários cuidam disso. Os visitantes podem circular pela área a pé ou em carrinhos elétricos que passam a toda hora.
Cerca de 3 milhões de pessoas foram ao museu em seus 14 anos de vida.
Apesar disso tudo, Inhotim está num aperto financeiro complicado, segundo o Estadão. A Ernest & Young, que audita as suas contas, apontou o risco de o museu fechar, por falta de fundos, de acordo com o jornal.
A avaliação da Ernest Young, conforme resumida pelo Estadão, se refere à performance financeira até o fim de 2018, e ainda não incorporou os estragos da tragédia do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho. O desastre matou 250 pessoas na cidade em janeiro deste ano.
O mar de lama não atingiu o museu fisicamente, mas afugentou o público, que ficou com a percepção que poderia correr risco se fosse a Inhotim. Um surto de febre amarela em Minas na virada do ano já tinha afetado o movimento.
Resultado: a bilheteria diminuiu e os patrocinadores do museu ficam desestimulados com um público menor, complicando a situação. A direção do museu nega que haja risco de fechamento.
Inhotim foi criado por Bernardo de Mello Paz, empresário da área de mineração e siderurgia, com um talento excepcional tanto para montar coleções de arte quanto para se meter em confusões com o fisco.
Ele foi condenado em 2017 a 9 anos de prisão por lavagem de dinheiro, tendo uma dívida de impostos de 471 milhões de reais ligados a seus negócios. Acabou acertando a troca de obras de Inhotim pela dívida. ✔︎
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