
Sandra Carvalho
Jean Sammet, criadora do COBOL (1928-2017)
O COBOL, criado 50 anos atrás, ainda roda em mainframes de grandes empresas.

Jean Sammet, uma das criadoras da linguagem COBOL para computadores, morreu dia 20 de maio, em Maryland, aos 89 anos de idade.
O COBOL, que nasceu mais de 50 anos atrás, ainda roda em mainframes de grandes empresas e instituições, como bancos e organizações militares.
O COBOL foi uma encomenda do Departamento de Estado americano aos fabricantes de computadores. Durante duas semanas de 1959, Sammet e outras cinco pessoas se enfiaram em um hotel de Manhattan para criar as bases da linguagem.
Na época ela trabalhava para a Sylvania Electric Products, companhia que fabricava, entre outras coisas, mainframes e semicondutores.
Sammet conseguiu o emprego na Sylvania por procurar nos classificados para homens - sim, eles eram separados dos classificados para mulheres - como ela própria contou à revista Glamour.
Mesmo hoje, sempre que alguém fala que o COBOL está morto, superado pelas novas linguagens, um grupo de programadores entra em cena para tentar provar o contrário.
A IBM estima que haja 200 bilhões de linhas de código de COBOL em uso atualmente, com acréscimo ou modificação de 2 bilhões por ano, segundo o New York Times.
Profissional romântica
Jean Sammet nasceu em Nova York e estudou matemática. Começou a trabalhar com computadores programando cálculos com cartões perfurados, e passou quase três décadas inteiras na IBM.
Lá, ela dirigiu o desenvolvimento da linguagem FORMAC, voltada para expressões algébricas.
Seu livro Programming Languages: History and Fundamentals, publicado em 1969 pela editora Prentice-Hall, é considerado um clássico da computação.
O envolvimento de Sammet com computadores começou em 1955, na empresa Sperry Gyroscope, quando ela trabalhava com cálculos matemáticos envolvendo submarinos e torpedos.
Seu chefe contou que havia alguns engenheiros construindo um computador digital na empresa e perguntou a ela se queria ser sua programadora.
Ela perguntou o que era um programador, e seu chefe disse que não sabia, mas que precisava de um. O relato de Sammet está neste vídeo do YouTube.
Vá direto para 2:20 e ouça a história da própria boca de Sammet, junto com uma descrição bem romântica (e comovente) do que é trabalhar com programação.