
Sandra Carvalho
Mexeu com a ozonosfera, mexeu com câncer de pele
Estudo na Antártica mostra os danos dos raios ultravioleta quando a camada de ozônio afina.

A essa altura, até os marcianos sabem que um buraco na camada de ozônio expõe a pele a um risco maior de câncer. Mas nem é preciso que haja mesmo um buraco na camada de ozônio para os dados dos raios de sol acontecerem. Basta que essa camada afine.
É o que verificou uma equipe de cientistas do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, que foi à Antártica no lugar em que o buraco da camada de ozônio acontece, para avaliar os dados causados no DNA pelo Sol.
É na Antártica que ocorre a maior variação na camada de ozônio no mundo.
A exposição à luz solar, sem a intermediação do ozônio para filtrar os raios ultravioleta, pode induzir a mutações associadas ao câncer. Segundo a pesquisa, quanto mais fina for a camada de ozônio, mais lesões ocorrerão no DNA.
A espessura da camada de ozônio muda ao longo do ano. Considera-se haver um buraco na camada quando ela fica abaixo de 200 UD (Unidades Dobson, correspondentes a 2 milímetros).
Os testes realizados pelos cientistas na Estação Antártica Comandante Ferraz da Antártica no fim de 2017 mostraram que ainda longe disso os danos no DNA acontecem.
Durante a pesquisa, a espessura da camada de ozônio variou de 360 a 270 UD, isto é, de 3,6 a 2,7 centímetros. "Nossos dados comprovaram que, quanto menor a espessura da camada, mais lesões são induzidas no DNA", afirmou Carlos Menck, que coordenou o estudo.
As medições foram realizadas com um dosímetro de lesões no DNA desenvolvido pela própria equipe de Menk e associadas aos dados da NASA relativos à espessura da camada de ozônio.
Os cientistas pretendem voltar à Antártica em outubro, quando o buraco na camada de ozônio atinge o ponto mais baixo, com espessura de apenas 100 UD.
O estudo foi publicado no jornal científico Photochemistry e Photobiology.

Veja mais: Luz à noite pode ter uma consequência: câncer da tiroide