- Sandra Carvalho
O cocô do hipopótamo vai fazer falta
Os animais são estratégicos para afastar algas invasoras de rios do Quênia.

Na África, os hipopótamos transportam grandes quantidades de silício da terra para água de rios e lagos através de suas fezes. Como eles diminuem cada vez mais, o ecossistema pode estar em apuros.
Os hipopótamos são criaturas de hábitos conhecidos: passam a noite bem ligados, comendo grama nas savanas africanas. Durante o dia, fogem do calor se refrescando em rios e lagos. É na água que eles fazem cocô, depositando assim silício extremamente necessário para manter longe algas invasoras que melam completamente o ciclo da vida local.
Problema: o número de hipopótamos tem caído muito na África por causa da caça e da diminuição de seu habitat.
O papel desses animais foi estudado por instituições europeias e americanas em aproximadamente 400 quilômetros do rio Mara, na Reserva Nacional Massai Mara, no sudoeste do Quênia. O resultado da pesquisa foi publicado na revista Science Advances.
Segundo o estudo, os animais absorvem 800 quilos de silício por dia através das plantas que eles comem. Metade acaba depositada na água através das fezes. Isso corresponde a 76% do silício do rio Mara.
Um dos locais que podem ser mais prejudicados pela diminuição dos hipopótamos a longo prazo é o Lago Vitória, um dos grandes lagos africanos, que se espalha pelo Quênia, Tanzânia e Uganda.
Por enquanto, o Lago Vitória bem boas reservas de silício, mas em algumas décadas, se o silício faltar, as algas nocivas podem tomar conta das águas, diminuindo o oxigênio e causando a morte dos peixes.