- Sandra Carvalho
Os ratos vão entrar no combate ao coronavírus
Eles sairão de um laboratório do Maine que abastece o mundo todo de ratos para pesquisas.

Em julho, milhares de ratos sairão de uma ilha na costa do Maine, nos Estados Unidos, para ser usados como cobaia nas pesquisas médicas sobre o novo coronavírus. Eles já estão sendo preparados pelo Jackson Laboratory (JAX).
O JAX é uma potência em ratos - tem mais de 11.000 linhagens de camundongos geneticamente definidos e produz 3 milhões de animais por ano para cientistas de 75 diferentes países fazerem pesquisas em laboratórios.
Os ratos compartilham mais de 95% do DNA humano, o que faz que eles sejam afetados por doenças como diabetes ou câncer de maneira semelhante a nós. Fazendo alterações nos animais e estudando o que acontece com eles, se conhece mais essas doenças.
No caso dos ratos que vão ajudar em pesquisas do SARS-CoV-2, o novo coronavírus, o JAX não teve de partir do zero. Já havia modelos prontos de ratos para estudar o surto de SARS de 2003, causada pelo coronavírus SARS-CoV.

O microbiólogo e virologista Stanley Perlman, da Universidade de Iowa (UI), tinha desenvolvido seu próprio modelo, intuído que o SARS-CoV não seria o último coronavírus a atormentar a humanidade e preservado congelado o esperma de seus ratos.
Perlman cedeu o esperma ao JAX, abreviando bem o trabalho. Nos humanos, a proteína S (de spike) do coronavírus se liga ao receptor ACE2 nas células e penetra nos pulmões. Ratos de laboratório são muito mais resistentes à infecção. Mas Perlman baixou suas defesas, introduzindo neles o gene do receptor ACE2 humano, abrindo caminho para o vírus invadir os pulmões.
Com esse esperma preservado, o JAX fertilizou in vitro óvulos de fêmeas de ratos comuns de seu laboratório e transferiu depois os óvulos fertilizados para fêmeas já prontas para engravidar.
O processo foi descrito minuciosamente pela neurocientista Cat Lutz do JAX à jornalista Anil Ananthaswamy, da revista Knowable.
O laboratório já tem 250 pedidos de ratos sob medida para estudar o novo coronavírus, segundo Lutz.
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