
Sandra Carvalho
Perereca usa bromélia como bercário na Serra do Mar
Os girinos se desenvolvem primeiro nas plantas e em seguida vão para os riachos.

Anuros - pererecas, sapos e rãs - se reproduzem de 41 modos diferentes. Pesquisadores da Unesp acabam de descobrir mais um modo. Viram que a perereca Bokermannohyla astartea, da Mata Atlântica, usa bromélias para reproduzir.
Essa perereca é uma espécie de anuro endêmica da Mata Atlântica no Brasil. Pouco conhecida, foi estudada pelos cientistas da Unesp de Rio Claro na área de Curucutu da Serra do Mar. A pesquisa foi publicada no jornal científico PLOS One.
Os anuros se reproduzem com fertilização externa - as fêmeas depositam seus óvulos na água, onde os machos também liberam seus espermatozoides. Dos ovos saem os girinos, que se desenvolvem na água até a fase adulta.
No caso da Bokermannohyla astartea, depois do amplexo, as fêmeas colocam os ovos dentro das bromélias das margens dos riachos da Mata Atlântica. Os girinos começam a se desenvolver dentro da própria planta, e concluem sua evolução até a fase adulta nos riachos.
Essa foi a tese de doutorado de Leo Malagoli na Unesp. Ele é o chefe do Núcleo São Sebastião do Parque Estadual da Serra do mar.
Qual a vantagem de as pererecas fazerem seu bercário nas bromélias? Para Malagoli, uma possível vantagem é a bromélia representar um ambiente mais seguro e com menos predatores que as águas de um riacho.
Veja as fotos sensacionais que ele fez da reprodução das pererecas, publicadas na PLOs One.

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