
Sandra Carvalho
Violência no Brasil: o racismo por trás dos tiros
O Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2020 traz 11 números estarrecedores.

A violência no Brasil consumiu o Brasil em 2019 com a marca do racismo, da desigualdade e da complacência. É o que mostram os dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2020.
O anuário é uma publicação do FBSP, fórum sobre segurança pública (#FBSP), bancado pela Fundação Ford e pela Open Society, de George Soros. Num mar de números sobre violência no Brasil, chamam a atenção 11 verdades estarrecedoras:
1 - Em 2019, houve 47.773 mortes por violência intencional no país - é como se a cidade uma cidade inteira de interior, como Dracena, em São Paulo, fosse riscada do mapa.
2- O racismo marcou as mortes violentas: os negros foram 7 entre cada 10 vítimas (74,4%).
3 - Os jovens foram alvo fácil da violência letal: 51,6% dos mortos tinham até 29 anos.
4 - Uma em cada 10 vítimas de assassinatos foi criança ou adolescente - 75% negras.
5 - A desigualdade na educação também se estampou nas mortes. Enquanto 42,4% das vítimas nem tinham completado o ensino fundamental, apenas 1,4% tinha feito faculdade.
6 - As armas de fogo responderam por 72,5% dos assassinatos, mas, em vez de serem coibidas, foram mais liberadas.
7 - Dentro das casas, houve uma agressão física a cada 2 minutos - a violência doméstica cresceu 5,2%.
8 - Houve 66 mil estupros registrados oficialmente em 2019, um a cada oito minutos, e 57,9% deles com vítimas no máximo 13 anos de idade.
9 - Em 2019, as mortes oficiais por balas da polícia chegaram a 6.357 - fora os casos nebulosos ou mal-esclarecidos.
10 - Os registros oficiais de agressões contra LGBTQI+ chegaram a 7,7%, mas apenas 11 estados contabilizaram esses casos.
11 - Havia 755 mil pessoas prisões em 2019 - 66,7% delas negros, fechando o ciclo do racismo do começo ao fim.

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