- Sandra Carvalho
Viu esse morcego? Não vai ver mais. Hoje ele foi declarado extinto
Atualizada, a Lista Vermelha traz mais de 25 mil espécies ameaçadas de extinção.

O morcego australiano Pipistrellus murrayi, nativo da ilha Christmas, entrou hoje para o grupo dos animais extintos. O último Pipistrellus murrayi tinha sido visto em agosto de 2009.
A declaração de extinção foi feita em Gland, na Suíça, pela União Internacional pela Conservação da Natureza (IUCN), na nova atualização da Lista Vermelha.
A lista inclui agora 87.967 espécies, das quais 25.062 ameaçadas de extinção.
Os motivos que levaram ao desaparecimento morcego Pipistrellus murrayi não ficaram claros para a IUCN.
Pode ser uma combinação da introdução de espécies predadoras de fora na ilha com o impacto das formigas-loucas amarelas, que são invasivas e comiam suas presas invertebradas, ou uma doença desconhecida.
"Nossas atividades como humanos estão levando espécies ao limite tão rapidamente que é impossível para os conservacionistas avaliarem os declínios em tempo real", disse Inger Andersen, diretora da IUCN.
"Até espécies que nós pensávamos ser abundantes e seguras - como os antílopes na África ou os freixos nos Estados Unidos - agora enfrentam uma ameaça imediata de extinção", observou.
A IUCN apontou um declínio de cinco espécies de antílopes na África, devido a caça ilegal, degradação do habitat e competição com a criação de gado.

"Antílopes vem declinando na medida em que as populações humanas aumentam, desmatando a terra para agricultura, expandindo suas instalações, extraindo recursos e construindo novas estradas", comentou David Mallon, da IUCN.
O antílope de montanha Redunca fulvorufula está desaparecendo muito rapidamente. Nos últimos 15 anos, sua população caiu 55%, segundo a IUCN, e agora ele se tornou uma espécie ameaçada.
As principais razões para essa decadência são a caça ilegal e a caça esportiva, feita com cachorros, que aumentam na mesma medida das ocupações humanas.
A IUCN chamou a atenção para os riscos corridos pelos freixos nos Estados Unidos, onde eles são muito usados para a arborização de ruas e nas praças das cidades.
Cinco das seis espécies mais usadas dessa árvore entraram na Lista Vermelha como criticamente ameaçadas. Os freixos estão sendo destruídos por um besouro asiático invasivo, o Agrilus planipennis, conhecido em inglês como Emerald Ash Borer.

Desde que desembarcou em solo americano, no fim dos anos 90, o besouro já destruiu dezenas de milhões de árvores nos Estados Unidos e Canadá, segundo estimativas da IUCN.
Os freixos são muito usados para fazer mobília, tacos de beisebol e varas de hóquei. Nas florestas dos Estados Unidos e Canadá, eles dão abrigo e comida para pássaros, esquilos e insetos. São um elo importante na cadeia de polinização, usados como apoio por borboletas.
"O declínio dos freixos, que deve afetar mais de 80% das árvores da espécie, vai mudar dramaticamente a composição das matas nativas e urbanas", alertou Murphy Westwwood, da IUCN.
O besouro tem capacidade de destruir uma floresta inteira em seis anos de infestação. Ele evita climas frios, mas, com o aquecimento da temperatura, começa a entrar em mais áreas.
Como fica caro remover freixos mortos, muitas pesquisas estão sendo feitas para deter o besouro, talvez a tempo de salvar os freixos.
Num movimento mais otimista, a nova Lista Vermelha traz o leopardo-das-neves (Panthera uncia) apenas como espécie vulnerável, e não ameaçada, como antes da atualização.

O animal foi beneficiado por investimentos em conservação da sua espécie, que incluíram esforços contra a caça ilegal, medidas para reduzir conflitos com gado e programas educativos.
Hoje a IUCN calcula que haja entre 2700 e 3400 leopardos-das-neves em idade adulta.
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